nem tudo é o que parece...

     Na primeira semana de setembro de 2013, o vídeo "Porn Sex vs Real Sex: The Differences Explained With Food", criado por Kornhaber Brown Creartive Lab, obteve alguns milhões de acesso no site Youtube
Nele podemos observar, de forma beeem didática, as diferenças entre o "sexo do pornô" e o sexo real, a partir da utilização de alimentos!! Confira o vídeo abaixo:


Veja também: Já pensou no sexo como linguagem? Não!?!! Então acesse a revista Sexa! e saiba mais.





Veja o vídeo com legenda AQUI



o que tem na sua geladeira?

     Uma intensa curiosidade deu origem à série fotográfica "You are What you eat", do fotógrafo Mark Menjivar. A série mostra o interior de geladeiras (sem tirar nem por) em residências dos Estados Unidos. 

Algumas fotos: 






leitura para os pequenos

     Algumas indicações de livros infantis, do blog bistrozinho: snacks e comidinhas divertidas, que trabalham com a temática da alimentação e estimulam o interesse da criança não só em comer, mas também em saber com quais ingredientes preparar e como preparar sua refeição.



Veja também: Quer saber mais sobre livros infantis? Acesse a revista Literar: revista sobre literatura infantil na escola!



O Livro de Receitas do Menino Maluquinho
Ziraldo – Ed. Melhoramentos
São 47 receitas criadas por Emma Xavier, a Tia Emma. Um grupo de crianças, entre 8 e 11 anos, testou as receitas incluídas neste livro. Todas foram realizadas sem dificuldades. Ziraldo e Mig deram o toque de classe: o cenário, o charme e a maravilhosa simpatia desse personagem que conquistou o País.







Juju na Cozinha do Carlota
Carla Pernambuco – Ed. Caramelo
Surgiu das experiências culinárias entre a chef Carla Pernambuco, do restaurante Carlota, e sua filha Julia. O livro reúne 29 receitas preparadas pelas duas, além de  mostrar conceitos de higiene e segurança necessários para quem quer cozinhar. Todas as receitas são ilustradas pela artista plástica Pinky Wainer.








Vamos Cozinhar juntos
Ed. Difusão Cultural
O livro apresenta mais de 20 receitas e um diário com 4 páginas plastificadas. Acompanha um avental plástico, um rolo de massa, 4 colheres de medida, 100 miniforminhas de doces e uma caneta apagável.





Fogãozinho: Culinária Infantil em Histórias para as Crianças Aprenderem a Cozinhar Sem Usar Faca e fogo
Frei Betto; Christo, Maria Stella Libanio – Ed. Mercuryo
Este livro traz receitas simples de docinhos, salgados, sorvetes, preparo de frutas etc. Tudo sem a necessidade de utilizar faca ou fogão. Além das receitas, o livro traz ainda histórias bem fofas.









Come-come: Pais e Filhos na Cozinha
João Alegria – Ed. Jorge Zahar
Esse livro traz receitas simples para serem feitas por adultos e crianças. Além das receitas o livro tem também brincadeiras e atividades relacionadas aos alimentos, dicas de como aproveitar melhor os ingredientes e os pratos preparados e um glossário de termos estranhos usados na cozinha, como "polvilhar", "untar", "banho-maria" e vários outros. No fim de tudo uma lista de contos de fadas em que a comida tem um papel central.


Fonte das imagens: http://blogbistrozinho.blogspot.com.br/2012/06/criancas-na-cozinha-dicas-de-leitura.html

fechar o zíper e ter novas ideias

      Após ver como a uma propaganda de TV estava transformando a maionese Hellmann's numa heroína das mesas brasileiras e o azeite em um vilão, que ainda por cima era muito calórico, duas nutricionistas tiveram a iniciativa de mostrar que aquilo não era bem assim. 
     Com a ajuda de alguém que sabia trabalhar na plataforma digital, criaram o site Fechando o Zíper: faça escolhas mais saudáveis. No site é possível encontrar avaliações de produtos, assim como a explicação de forma didática dos componentes descritos nos rótulos.



Veja também: Já pensou no quanto o uso de uma linguagem mais clara nos rótulos dos alimentos ajudaria na hora da compra? Talvez o problema fosse resolvido com o auxílio de um profissional da linguagem... Se esse é um assunto que te interessou, pesquise mais na revista Trama em texto!

educação nutricional

     Um dos pontos levantados no documentário Muito além do peso, publicado em "Alvo: crianças", era em relação à necessidade de uma orientação -também- escolar no que diz respeito à educação. O  artigo "Avaliação da influência da educação nutricional no hábito alimentar de crianças", disponível no site REBRAE (Rede Brasileira de Alimentação e Nutrição Escolar), mesmo realizado em um curto prazo, concluí que "a educação nutricional obteve resultados significativos quanto aos conhecimentos dos alunos relacionados à nutrição e melhora nas escolhas alimentares dos alunos avaliados".

     Outro destaque importante nesse artigo é sugestão de trabalhar-se se forma lúdica e dinâmica a questão da alimentação, explorando, assim, a criatividade e a imaginação das crianças - já tão exploradas pelas indústrias alimentícias. 


Veja também: Quer descobrir mais sobre um método de trabalhar com crianças? Acesse a revista Jardim Montessori: revista eletrônica dedicada ao método Montessori!



Artigo completo: 



dois pesos, uma medida

      O site Hypeness publicou uma série de fotos, realizada pelo site wiseGEEK, intitulada "What Does 200 Calories Look Like?", na qual é possível observar como a quantidade dos alimentos varia em relação à quantidade de calorias, neste caso, estabelecidas para o ensaio.
     No link "Série mostra o que são 200 calorias em vários tipos de comidas", ainda é possível ver outras fotos, assim como um vídeo (This is 200 calories) que explica o que é caloria e que pode ajudar na conscientização do que estamos comendo.

Abaixo algumas imagens e informações:


Barra de chocolate Snickers

                                41 gramas





Coca Cola


 
                                496 ml





Aipo
                                1425 gramas





Brócolis
                                588 gramas





 Fibra de Cereal
                                100 gramas





Kiwi
                                328 gramas





 Manteiga de amendoim
                                34 gramas





Manteiga
                                28 gramas





Maçã
                                385 gramas





Ovos
                                150 gramas





Cheeseburguer
                                75 gramas




Fonte imagem: http://www.wisegeek.com/what-does-200-calories-look-like.htm

o futuro roubado


     Uma dica de leitura é o livro "O futuro roubado", citado na postagem "Os números do terror".

"Ocorre que alguns químicos sintéticos espalhados mundialmente têm uma estrutura molecular parecida com os hormônios naturais, como o estrógeno e a testosterona. Os hormônios funcionam como mensageiros da herança genética, e os químicos interferem nesse processo, alterando o conteúdo da mensagem. Em 1996, um grupo de pesquisadores norte-americanos – Theo Colborn, Diane Dumanoski e John Peterson Myers – lançaram o livro “O Futuro Roubado”, tratando dessa temática, com um apêndice na edição brasileira de José Lutzenberger. No Brasil o livro foi lançado em 2002. Urgência 17 anos depois."

Observação: Quer mais saber mais sobre leitura? Acesse a revista Plurileituridade.


Um resumo do livro está disponível abaixo:
Fonte imagem: http://www.lpm.com.br/Imagens/futuro%20roubado.jpg  




RISCOS DOS RESÍDUOS QUÍMICOS PARA
O MEIO AMBIENTE E À SAÚDE HUMANA

RESUMO DO LIVRO “0 FUTURO ROUBADO”

Segundo Lutzenberger, quando prefaciou a edição brasileira do livro “O Futuro Roubado” (Colborn et al, 1997, p. 3 à 7), foi Rachel Carson quem pela primeira chamou a atenção para os riscos da poluição química, isso lá em 1962, na ocasião do lançamento de seu livro intitulado “Primavera Silenciosa”. Foi um marco de repercussão planetária para a conscientização ecológica e que desencadeou o movimento das entidades não governamentais nas lutas pela preservação do meio ambiente.
Em 14 capítulos da obra “O Futuro Roubado”, Colborn relata experiências e observações de diversos cientistas, inclusive seus próprios estudos sobre fatos de poluição química e suas consequências para o meio ambiente, em especial para a vida selvagem e para a saúde humana.
No primeiro capítulo, Colborn et al (1997, p. 17 à 26) relata o caso ocorrido na Costa Leste do Canadá e dos Estados Unidos, onde o canadense Charles Broley, em 1939, iniciou estudo sobre as águias americanas, mais precisamente na Flórida. Após ter acompanhado 125 ninhos, o que representava cerca de 150 filhotes por ano. Em 1947, Broley percebeu que o número de águias havia caído violentamente e acabou constatando que na época do acasalamento as mesmas tinham perdido o hábito e ficavam vadiando, sem fazer ninhos. Na continuação dos trabalhos durante o ano de 1952, ficou confirmado que 80% das águias da Flórida estavam estéreis.
No final da década de 1950, na Inglaterra, os caçadores de lontras constataram que esses animais estavam desaparecendo dos rios e riachos de toda a Europa e somente vinte anos após, nos anos 80, cientistas ingleses concluíram que a causa era poluição pelo agrotóxico organoclorado dieldrin.
Nos anos 60, as indústrias que produziam casacos de pele de visom encontravam-se em franco crescimento, passaram a enfrentar problemas. Os visons que eram alimentados à base de peixe, considerado um produto barato, começaram apresentar problemas reprodutivos de baixa fertilidade, tornando-se muito grave em 1967. Pesquisadores da Universidade Estadual de Michigam, na busca da causa, logo identificaram os poluentes contidos nos peixes dos Grandes Lagos como sendo o elo entre o problema reprodutivo dos visons. Os poluentes encontrados nos peixes foram os PCBs, uma família de agentes químicos sintéticos clorados, usados no isolamento de equipamentos elétricos, tais como os transformadores.
No ano de 1970, no Lago Ontário, o biólogo Mike Gilbertson descobre a contaminação de uma colônia de gaivotas contaminadas por dioxinas. Uma devastação, pois cerca de 80% dos filhotes morriam sem conseguir sair da casca.
Ainda segundo Colborn et al (1997, p. 17 à 26), em 1968, o pesquisador Ralph Schreiber, do Museu de História Natural de Condado de Los Angeles, na Ilha de San Nicolas, constatou ninhos com ovo maior que o normal, com suspeita de contaminação pelo agente químico DDT. O mesmo caso também foi constatado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Irvine, após trabalhos na Ilha de Santa Bárbara, onde cerca de 11% dos ninhos continham ovos com os mesmos problemas.
Na década de 80, no Lago Apokpa, na Flórida, pesquisadores constataram que os jacarés estavam apresentando problemas de reprodução, pois apenas 18% dos ovos eclodiam, sendo que o normal é 90% de eclosão. Porém, para agravar a situação, dos 18% nascidos, a maioria morria até o décimo dia de vida. O especialista Lou Guillete, da Universidade da Flórida, relata o acidente ocorrido em 1980 na Companhia Química Tower, há 400 metros do lago Apokpa, onde houve o vazamento do produto químico Difocol. Após o vazamento do Difocol, mais de 90% dos jacarés desapareceram e que dos existentes no lago, 60% tinham o pênis diminuto. Esse fato de poluição ambiental só virou notícia no ano de 1994.
Indicam também os estudo de Colborn et al (1997, p. 17 à 26), que na primavera de 1988, no Norte da Europa, na Ilha de Anholt, em Kattegat, um braço do mar entre a Suécia e a Dinamarca, aconteciam sinais de epidemia de morte de focas ontárias (Phoca vitulina). Cerca de 18.000 focas mortas, representando cerca de 40% de toda a população do Mar do Norte. Era mais um presságio de que algo estava errado e necessitava ser pesquisado.
Em julho de 1990, no Mar Mediterrâneo, 1.100 golfinhos apareceram mortos na costa leste da Espanha, perto de Valência. O fato ocorreu também na Catalunha, Maiorca e outras Ilhas Baleares, bem como na costa Francesa, da Itália e do Marrocos. O pesquisador Alex Aguilar, da Universidade de Barcelona, começou em 1987 a coletar amostras de gordura de golfinhos e descobriu que o nível de PCBs era 2 a 3 vezes, quando comparado com golfinhos saudáveis.
No ano de 1992, em Copenhague, na Dinamarca, o especialista em reprodução humana, Niels Skakkebaeck, da Universidade de Copenhague, constatou espermatozoides anormais e queda na contagem na ordem de 50%, no período de 1938 a 1990, sendo a causa relacionada a fatores ambientais.
A partir da década de 50 ocorreram diversos acidentes ambientais causados pela poluição química, porém ninguém fazia o elo com a queda do número de espermatozoides. Porém, no ano de 1987, a cientista Colborn montou o quebra cabeça.
No outono de 1987, Colborn et al (1997, p. 27 à 45)  coleciona artigos científicos levantados sobre a saúde da fauna e dos humanos na região dos Grandes Lagos. No decorrer do estudo constatou que agentes químicos causavam câncer em peixes. Andorinhas do mar estavam abandonando seus ninhos, ficando constatada a síndrome do enfraquecimento dos filhotes que perdiam peso e morriam. Gaivotas desnorteadas não formavam casais, acontecendo que duas fêmeas ocupavam o mesmo ninho. Essas observações deixavam claro que havia necessidade de fazer uma avaliação da saúde ambiental da região dos Grandes Lagos.
Em junho de 1969, um acontecimento chamou a atenção. O Rio Cuyahoga que deságua no Lago Erie, em Cliveland, nos Estados Unidos, pegou fogo e queimou a ponte. Após a limpeza do rio e o retorno dos pássaros (gaivotas e cormorão de crista dupla), Colborn duvidava que os lagos estivessem limpos. Ainda haviam relatos de visons dizimados, ovos de pássaros que não eclodiam, filhotes que nasciam com bicos cruzados, ausência de olhos e pés deformados em cormorões. John Harshbarger, especialista em câncer em animais silvestres, do Instituto Smithsonian, afirma que o aumento de câncer em peixes ocorreu após a revolução química. Ficou confirmado que causavam câncer em peixes, os hidrocarbonetos poliaromáticos ou PAHS (polyaromatic hidrocarbons), agente químico derivado do petróleo. Usualmente os cientistas preocupavam-se com os “agentes químicos cancerígenos” e com “agentes químicos tóxicos”. Seguir para além do câncer foi um passo importante para a pesquisadora Colborn.
No Lago Ontário e Michigan, os pesquisadores Michel Fry, toxicologista da vida silvestre da Universidade da Califórnia em Davis, constatou que o DDT e seus derivados, DDE e Metoxiclor, causavam a feminilização dos machos de gaivotas, as quais foram chamadas de “gaivotas gays”.
Sandra e Joseph, (citados por Colborn et al, 1997, p. 27 à 45),  psicólogos da Universidade Estadual de Wayne, em Detroit, informavam que as mães que comeram peixes dos Grandes Lagos, em duas ou três refeições, foram contaminadas e consequentemente contaminavam seus bebes, apresentando os seguintes resultados: bebes nasceram mais cedo; crianças com menor peso que o normal e crianças nascidas com cabeça menor. Na Pesquisa foram encontrados PCBs nos peixes e no cordão umbilical das crianças, os quais causaram o pior resultado das crianças em testes de avaliação de desenvolvimento neurológico, pois as crianças ficavam para trás em várias categorias, como por exemplo, memória a curto prazo, comprometendo o QI no futuro. Paralelamente os casos estudados mostravam que havia presença de agrotóxicos organoclorados como o DDT, o Dieldrin, Clordane e Lindane, assim como os contaminantes da família dos PCBs. Esses agentes químicos contaminantes, foram chamados de venenos hereditários.
Colborn descobriu uma peça central do quebra cabeças no universo de Frederick Vom Saal, um biólogo da Universidade de Missouri. Observando a pesquisa de Saal, sobre a influência dos hormônios na reprodução e desenvolvimento de camundongos, Colborn descobriu que os agentes químicos mimetizam a produção do hormônio estrogênio e acabam definindo o futuro do feto que nascerá e as possíveis consequências para a saúde e para o comportamento sexual dos indivíduos. (COLBORN et al, 1997, p. 46 à 64).
No que se refere aos hormônios, Colborn et al (1996, p. 65 à 86)  relata sobre dois episódios trágicos na história da medicina, os quais ensinam lições importantes e imediatamente relevantes na busca de uma resposta para o mistério dos venenos hereditários. Estudos em animais demonstraram repetidas vezes que os seres humanos são vulneráveis aos agentes químicos sintéticos, os quais alteram os hormônios.
Em 1930, pesquisadores da Faculdade Médica da Universidade Northwestern, alertavam que brincar com hormônios era perigoso durante a gravidez.
Em 1938, o médico britânico Edward Charles Dodds e seus colegas (citado por Colborn et al, 1997, p. 87 à 108)  descobriram o hormônio dietilbestilbestrol, chamado de DES. Passados 25 anos após a descoberta, dois escândalos médicos fizeram ruir o mito do hormônio DES. A primeira bomba foi a Talidomida em 1962, quando oito mil crianças foram vitimas em 46 países, as quais nasciam sem braços e sem pernas. Outras, nasciam com problemas de coração, com dano cerebral, surdez, cegueira, autismo e epilepsia.
Em 1938, enquanto Edward Dodds anunciava a síntese do hormônio DES, o químico Suíço Paul Muller descobria o DDT. Os defensores das duas descobertas chamavam o DES de “Droga maravilhosa” e o DDT de “Pesticida milagroso”. Como reconhecimento pelas descobertas, Edward Dodds recebeu o título de “Cavaleiro do Rei” e Paul Muller recebeu o “Premio Nobel” em 1948. Doze anos após, pesquisadores da Universidade de Syracuse, em New York, descobriram que o DDT feminilizava galos. Paralelamente, os pesquisadores Verlus Frank Lindenman e Howard Burlington, observaram que a estrutura do DDT era parecida com a estrutura do DES. (COLBORN et al, 1997, p. 87 à 108)
Em 1950, foi descoberto que o DDT pode agir como um hormônio, mimetizando o estrógeno, como o DES, mas interferem em outras partes do sistema hormonal, como o metabolismo da testosterona e da tireoide. Pesquisadores identificaram pelo menos 51 químicos sintéticos, muitos deles espalhados por todo o meio ambiente, os quais alteram o sistema endócrino de um modo ou de outro. Muitos agentes químicos alteradores hormonais pertencem à famílias químicas numerosas, como a dos PSBs, que conta com 209 compostos, ou da família das 75 dioxinas, ou dos 135 furanos, para os quais uma miríade de efeitos perturbadores foram documentados.
O toxicologista Early Gray, do Laboratório de Pesquisa sobre efeitos na Saúde, da Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (USA Environmental Protection Agency), no Triângulo da Pesquisa, na Carolina do Norte, relata como os agentes químicos alteram o desenvolvimento sexual. O pesquisador descreve as formas pelas quais os agentes químicos sintéticos semeiam devastação entre os hormônios e mostra as consequências disso para os fetos expostos no útero. Em um de seus estudos o pesquisador mostra o caso de um rato, onde a mãe foi exposta durante a gestação ao vinclozolin, um agente químico largamente utilizado para combater fungos em frutas. Por essa razão, em termos científicos esses animais são hermafroditas ou interssexuados, não podendo funcionar nem como machos e nem como fêmeas.
 Ainda segundo Colborn et al (1997, p. 108 à 131) Na Ilha de Kosgsoya, arquipélago Norueguês de Svalbard, foram encontradas focas com 70 ppm de PCBs e ursos com 90 ppm na sua gordura. Em 1992, de doze fêmeas pesquisadas, apenas cinco tiveram filhotes.
Na costa da Holanda, nos estuários dos rios Reno e Mosa, em 1929, os PCBs criados pela adição de átomos de cloro a uma molécula com dois anéis de benzeno ligados, conhecida como bifenilo, resultam em 209 agentes químicos, chamados bifenilos policlorados. Em 1935, a Companhia Química Swann se tornou parte da Companhia Química Monsanto. Em 1964, o pesquisador Sörem Jensen, químico nascido na Dinamarca, pela primeira vez reconheceu que os PCBs se tornaram um contaminador universal. No período de 1957 a 1971, os PCBs foram utilizados na confecção de papel sem carbono. E, em 1976, os Estados Unidos proibiram a fabricação dos PCBs, porém os PCBs, entre eles o PCB-153, já haviam chegado até os confins da terra, através de toda a cadeia alimentar.
Em 1990, Colborn  et al (1997, p. 132 à 144) descobriu que a documentação que ela havia reunida, era uma comprovação que a contaminação por poluentes químicos tinha ido além dos Grandes Lagos. A poluição química tornou-se global.
Em julho de 1976, na cidade de Seveso, na Itália, explodiu uma fábrica de produtos químicos, contaminando 3.600 Km², causando um índice de 56 mil ppm. Foram confirmados 183 casos de cloracne, causada pela Dioxina.
Em 1982 e no inicio de 1983, em Times Beach, Missouri, USA, 2.240 moradores foram evacuados pelo governo federal, devido a contaminação por dioxinas. Pesquisadores constataram problemas de anomalias no sistema imunológico e disfunção cerebral nas pessoas contaminadas.
Em 1991, a Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, decidiu reavaliar sua posição em relação às dioxinas. A reavaliação já estava em andamento, quando o estudo de Richard Peterson, em Wisconsin, foi publicado. As Dioxinas podem efeitos dramáticos em doses muito baixas, em níveis próximos àqueles rotineiramente encontrados em seres humanos. A partir dessa constatação o debate mudou, pois ao invés do potencial cancerígeno, os estudos passaram a enfocar sua toxidade para o desenvolvimento para a reprodução. Experiências do pesquisador Tom Mably confirmaram que ratos, filhos de mães que receberam dioxina, tiveram uma redução de espermatozoides de até 56%. Em baixas doses de dioxinas nas mães, a redução dos espermatozoides foi de 40% e os filhotes de ratos das mães contaminadas apresentavam propensão a exibir comportamentos sexuais feminilizados. Nesse contexto, a queda do número de espermatozoides pode ter um impacto devastador na fertilidade humana.
Após o natal de 1987, a pesquisadora Dra. Ana Soto (citada por Colborn et al, 1997, p. 145 à 165), na Faculdade de Medicina da Universidade de Tufts, em Boston, constatou devido há uma série de surpresas e descobertas acidentais, que os agentes químicos alteram hormônios. A descoberta aconteceu quando Ana Soto comprovou que células de câncer de mama se desenvolveram com a presença de estrógeno. Trabalhando em conjunto, a Dra Ana Soto e o pesquisador Sonnenschain concluíram que os tubos de ensaio de plástico produziam estrógeno.
A pesquisa realizada pelos químicos do Instituto Tecnológico de Massachusetts, concluída no final de 1989, confirmou que o elemento químico do plástico dos tubos de ensaio era o p-nonilfenol. Continuando a investigação, Soto e Sonnenschain descobriram que o p-nonilfenol pertence há uma família de elementos químicos sintéticos, conhecidos como alquilfenóis. Esses produtos químicos são utilizados em larga escala na produção dos PVCs. Os detergentes industriais, com polietoxilato-alquilfenol, são amplamente usados nos produtos de limpeza domésticos, desde a década de 1940. No final dos anos 80, vários países europeus já haviam banido o polietoxilato-alquilfenol dos produtos de limpeza domésticos. Foram constatados relatos que quatorze países da Europa concordaram, em 1992, em retirar gradualmente o produto do mercado até o ano de 2000. Testes realizados em trutas arco-íris, condicionadas em gaiolas colocadas após o tratamento de esgoto que estava sendo lançado no Rio Lea, no Norte de Londres, constatou que os machos produziram vitelogenina, indicando a produção de estrogênio.
Em 1998, uma pesquisa em 28 locais de tratamento de esgoto na Inglaterra e País de Gales constatou a presença de vitelogenina em 15 de 22 locais analisados, sendo que em um dos locais o nível de vitelogenina chegou a 100 mil vezes acima do nível normal entre os peixes.
Durante sete anos, Pierre Béland, (citado por Colborn et al, 1997, p. 166 à 191), cientista e fundador do Instituto Nacional de Ecotoxicologia St. Lawrence, já havia acumulado milhares de quilômetros, indo e vindo ao longo das duas margens do Rio São Lourenço, coletando baleias belugas mortas e levando-as à Escola de Veterinária da Universidade de Montreal.
Em maio de 1989, na Escola de Veterinária da Universidade de Montreal, Béland em companhia do Veterinário Sylvain de Guise e do Técnico Richard Plante, faziam autopsia das baleias belugas e registravam no “Livro dos Mortos de Béland”, ocasião em que foram surpreendidos quando constataram contaminação pelos agentes químicos tóxicos, DDT, PCBs e Mercúrio. Posteriormente, Béland também acompanhado pelo Veterinário Daniel Martineau, fizeram dezenas de autopsias e encontraram baleias com tumores malignos, benignos, de mama e intumescências abdominais. Uma delas tinha câncer de bexiga, como muitos dos operários da fábrica de alumínio no Rio Saguenay, um afluente do Rio São Lourenço, onde algumas das baleias passavam boa parte de seu tempo. Elas sofriam de úlceras na boca, no esôfago, no estomago e nos intestinos. A maioria apresentava gengivite e não tinham todos os dentes. Muitas apresentavam pneumonias ou infecções virais e bacterianas generalizadas. Uma grande parte das belugas também sofria de problemas endocrinológicos, inclusive aumento da glândula tireoide e presença de cistos na mesma. Mais da metade das fêmeas examinadas, apresentava sinais de infecções severas de mama, as quais podiam dificultar ou mesmo até impossibilitar a amamentação dos seus filhotes. As mães que estavam amamentando apresentavam pus misturado no leite. Algumas baleias apresentavam espinhas dorsais retorcidas ou outras desordens no seu esqueleto. Era uma ladainha digna de um Jó cetáceo.
Um relato surpreendente de Colborn et al (1997, p. 166 à 191)  foi quando os veterinários fizeram a autopsia da baleia beluga (Delphinapterus leucas), identificada como DL-26, um macho adulto, com 26 anos de idade. Ele apresentava falta de dentes, enfisema, extensas úlceras no estômago. Na cavidade abdominal encontraram dois testículos e órgãos sexuais masculinos de aparência normal, como o epidídimo e o canal deferente. Porém, tinha útero e ovários, um sistema reprodutor feminino completo, sem vagina. Essa baleia era hermafrodita. Muitas baleias encontradas e analisadas, continham mais de 500 ppm de PCBs, índice dez vezes mais do que os índices exigidos pela lei no Canadá para caracterizar lixo contaminado.
Em 1989, com a morte de uma pantera fêmea aparentemente saudável, no Parque Nacional dos Everglades, no sul da Flórida, especialistas em animais silvestres concluíram que a causa foi a contaminação pelo agente químico mercúrio e começaram a desenvolver estudos. Acabaram descobrindo que as panteras sofriam de muitos outros problemas. Entre eles, a esterilidade aparente em machos e fêmeas, um nível extraordinário de anomalias nos espermatozoides, contagem baixa de espermatozoides, evidências de comprometimento nas reações imunológicas e mau funcionamento das glândulas tireoides. De um grupo de 17 machos, 13 apresentavam criptorquídia, problema esse que teria aumentado a partir de 1975. Também foram constatados pelos pesquisadores, que havia machos feminilizados, com alto índice de estradiol.
Em 1993, as águias americanas, que faziam ninhos ao longo dos Grandes Lagos, produziram quatro filhotes deformados, sendo três com bicos entrecruzados e um com patas mal-formadas. Mas esses problemas não eram exclusividades da região dos Grandes Lagos. Em 1994, o Serviço de Peixes e da Vida Silvestre começou a estudar um grupo de deformações parecidas, encontrada entre os pássaros no estado de Oregon, no vale do Rio Rogue. Nove pássaros, inclusive gaviões do rabo vermelho, francelhos, uma águia pescadora, um melro e um tordo, foram encontrados com bicos entrecruzados, olhos ausentes ou ambos os defeitos. Especialistas em animais silvestres dizem que o bico entrecruzado é uma deformidade de desenvolvimento análoga à fenda palatina entre os mamíferos.
Nos anos 50, na Grã-Bretanha e na Europa, foi constatado o declínio das lontras devido à poluição por agentes químicos. Segundo pesquisadores da Universidade de Guelph, em Ontário, no Canadá, os peixes nos Grandes Lagos apresentavam diversos problemas na reprodução e no seu desenvolvimento, dentre os quais o salmão no Lago Erie, que apresentava as glândulas tireoides aumentadas. Outro fato relatado por pesquisadores foi que a truta de lago acabou sendo extinta no Lago Ontário.
Na Europa, no inicio dos anos 70, pesquisadores realizaram estudos sobre o declínio de populações de várias espécies de focas no Mar Báltico e de focas otárias no Wadden Zee, uma grande extensão do Mar do Norte, próxima das costas da Holanda, Alemanha e Dinamarca. A população de focas otárias da costa Holandesa caiu de cerca de 1.540 indivíduos em 1965 para 550 em 1975. O imunologista Garet Lahvis, na costa da Flórida, constatou a baixa resistência imunológica nos golfinhos.
Em dezembro de 1993, Robert Stebbins, Professor Emérito de Zoologia, especialista em anfíbios, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, constatou o desaparecimento de sapos na Costa Rica e na Austrália. Diante do fato, Stebbins conclamou seus colegas a priorizarem o possível papel dos agentes químicos que alteram hormônios, em sua busca de uma causa. (COLBORN et al, 1997, p. 166 à 191).
Em meados dos anos 80, o cientista Peterson Myers, pesquisador de pássaros costeiros, constatou migrações com indivíduos contaminados. Alguns pássaros pequenos voam tão alto quanto um avião, sendo que alguns fazem voos de até 90 horas, sem escalas, de Massachusetts, nos Estados Unidos até a América do Sul. Aproximadamente dois terços das espécies de aves da América do Norte são migratórias e, muitas das que migram longas distâncias têm sofrido redução alarmante de sua população. Estima-se que algumas espécies de aves costeiras, viajam distâncias superiores a 24.000 quilômetros em apenas um ano, dos locais de acasalamento no Ártico até as estações de inverno na região sul da América do Sul. Segundo dados do Observatório de Pássaros Manomet, em Plymouth, Massachusetts, nos Estados Unidos, a população de sanderlingos, que se desloca em direção ao sul da costa leste dos Estados Unidos no outono, sofreu uma redução de cerca de 80% em um período de 15 anos.
Segundo Rachel Carson (1962, citada por Colborn et al, 1997, p. 192 à 224), o nosso destino está ligado aos animais. O que está acontecendo com os animais na Flórida, nos rios da Inglaterra, no Báltico, no Ártico, nos Grandes Lagos ou no Lago Baikal na Sibéria, tem relevância imediata para os seres humanos. O estrógeno que circula nas tartarugas é o mesmo que corre pela corrente sanguínea dos seres humanos.
Para John Muir, filósofo e ambientalista norte-americano que viveu no início do século XX, “quando tentamos isolar qualquer coisa, descobrimos que ela está presa através de cordas invisíveis a tudo mais no universo”.
Em julho de 1991, Theo Colborn e Peterson Myers reuniram 21 dos pesquisadores chave no encontro sobre alteração endocrinológica no Centro de Conferência de Wingspread, em Racine, Wisconsin. A conclusão dos pesquisadores foi que os mimetizadores hormonais que ameaçam a sobrevivência das populações animais, também colocaram em risco o futuro da humanidade. (COLBORN et al, 1997, p. 192 à 224).
Em setembro de 1992, a revista British Medical Journal publicou o trabalho de uma Equipe Dinamarquesa chefiada pelo Dr. Niels Skakkeback, a qual desenvolveu estudos dos registros de sêmen de homens, desde 1938, constatando que o numero de espermatozoides caiu em 45%, isto é, de uma média de 113 milhões/mm em 1940 para 66 milhões em 1990.  O volume também caiu em 25%, representando um declínio efetivo dos espermatozoides de 50%. A pesquisa teve como base de dados, 61 estudos envolvendo cerca de quinze mil homens de 20 países situados na América do Norte, Europa, América do Sul, Ásia, África e Austrália.  Nos Estados Unidos 5,3 milhões de indivíduos sofrem de esterilidade. De 1973 a 1991, o câncer de próstata aumentou 126%. Em 1940, uma em vinte mulheres, tinha risco de câncer. Em 1997, uma em oito mulheres, tem câncer. (COLBORN et al, 1997, p. 225 à 237).
Muito do que se sabe sobre os efeitos causados pelos agentes químicos em seres humanos, são resultados da observação de indivíduos contaminados por acidentes que causaram impactos ao meio ambiente. Um importante estudo de longo prazo envolve os filhos de mulheres que em 1979, em Taiwan, ingeriram óleo de cozinha acidentalmente contaminado com níveis elevados de PCBs e furanos. Algumas das 128 crianças estudadas, ainda estavam no útero quando suas mães ingeriram o óleo contaminado. Outras foram concebidas e nasceram depois que o período de contaminação havia terminado, de forma que a sua exposição se deu a partir da contaminação residual no corpo de suas mães. Numa série de exames e testes realizados entre 1985 e 1992, uma equipe liderada por Yue-Liang L. Guo, do Departamento de Saúde Ambiental e Ocupacional de Taiwan, descobriu que as crianças sofriam de uma gama de problema físicos e neurológicos, os quais haviam sido previstos por estudos em animais.
À medida que algumas dessas crianças chegavam à puberdade, os pesquisadores observaram que o desenvolvimento sexual entre os meninos era anormal, evidenciando um paralelo com os efeitos mais marcantes registrados pela literatura sobre animais silvestres. Como os jacarés do lago Apopka, esses meninos tinham pênis significativamente menores, quando comparados com os meninos da mesma idade que não haviam sido contaminados.
As crianças taiwanesas também mostravam comprometimento permanente de suas habilidades motoras e mentais e problemas de comportamento, inclusive níveis de atividade acima do normal. Repetidamente, os testes com essas crianças revelaram sinais de desenvolvimento retardado. Em testes de inteligência, elas ficaram cinco pontos abaixo das crianças que não foram contaminadas. Guo e seus colaboradores acreditam que a pontuação mais baixa em testes de QI seja consequência do déficit de atenção e da incapacidade dessas crianças de pensarem com a mesma rapidez que seus pares que não sofreram contaminação química.
Seguindo os indicativos das crianças de Taiwan, foi desenvolvido em 1980, o primeiro estudo sobre consumo de peixes dos Grandes Lagos, feito por Sandra e Joseph Jacobson, da Universidade Estadual de Wayne, analisando crianças filhas de mães que comiam peixes contaminados por PCBs e outros numerosos contaminantes químicos. O estudo mostrou que os filhos das mulheres que comeram peixes e daquelas que não comeram peixe ficaram evidentes imediatamente após o nascimento. Quanto maior o consumo de peixe do Lago Michigan, menor o peso de nascimento e a circunferência da cabeça do bebê. Vários testes feitos com os bebês ao nascer e em intervalos regulares posteriores ao nascimento, também revelaram evidências de comprometimento neurológico. Das mais de trezentas (300) crianças testadas no estudo, aquelas cujas mães haviam ingerido maior quantidade de peixes mostraram sinais sutis de danos, inclusive reflexos fracos e movimentos inseguros e desequilibrados quando eram recém nascidos. (COLBORN et al, 1997, p. 192 à 224).
Em 1991, o Dr. Simon Le Vay, publicou dados na revista Science sobre suas descobertas a respeito de diferenças na estrutura do cérebro de homens homossexuais e heterossexuais. O trabalho de Le Vay sustenta a teoria de que o comportamento sexual tem base biológica e é fortemente influenciado pela exposição a hormônios durante o período em que o cérebro feto passa pela diferenciação sexual. (COLBORN et al, 1997, p. 192 à 224).
No inicio de seu trabalho de pesquisa investigativa, Colborn encontrou um estudo há muito esquecido, o qual havia sido publicado em 1950 nos Anais da Sociedade de Medicina e Biologia Experimental. Foi a primeira advertência na literatura científica de que os agentes químicos sintéticos poderiam ter o efeito inesperado de alterar hormônios. O artigo escrito por dois zoólogos da Universidade de Syracuse, Verlus Frank Lindeman e o aluno de pós-graduação Howard Burlington, descrevia como doses do agente químico DDT, impediam que galos jovens se tornassem machos adultos normais e até sugeria que o agrotóxico estava agindo como um hormônio. No estudo foram utilizados quarenta (40) galos jovens, os quais recebiam doses diárias de DDT durante um período de dois a três meses. No final da pesquisa ficou constatado que os galos estavam feminilizados e seus testículos tinham atingido apenas 18% do tamanho normal. Pela aparência os galos tinham sofrido uma castração química.
Carson (1962, citada por Colborn et al, 1997, p. 192 à 224), relata sobre falhas na reprodução de galinhas e porcos, inclusive da destruição da capacidade dos pássaros de se reproduzir.
Em 1971, dezessete (17) membros do Congresso dos Estados Unidos, pediram ao Presidente Richard Nixon que o DDT fosse banido, pois causava câncer.
Para Colborn et al (1997, p. 225 à 237), ir além do câncer era um passo muito importante. O conceito chave para considerar esse tipo de assalto tóxico é a mensagem química. Não é veneno, não é cancerígeno, mas sim, mensagem química. O processo que desenrola no útero e cria um bebe normal e saudável depende da entrega, ao feto, da mensagem hormonal certa, na hora certa. Os sistemas hormonais não se comportam de acordo com o clássico modelo de dose de reação que tem informado nosso pensamento sobre reações biológicas e alterações, conforme os princípios descritos no século XVI por Paracelso, médico suíço, por muitos chamado o pai da toxicologia. O paradigma do câncer também dificulta o reconhecimento dos efeitos da alteração endocrinológica porque relaciona ameaça com doença.
Para Colborn, os riscos dos resíduos químicos para o meio ambiente e consequentemente para a saúde humana, para aqueles que tomam conhecimento pela primeira vez, parece uma situação avassaladora. Sentimentos de medo e de desamparo, não são incomuns. O problema apresentado é, de fato, um problema assustador. Ninguém deveria subestimar sua seriedade e a magnitude que essa ameaça representa para a saúde e o bem-estar humano. O conhecimento deve ser a principal defesa pessoal.
Em muitos produtos químicos, os compostos inertes muitas vezes são os nonilfenóis e o bisfenol-A, que alteram hormônios. Nos Campos de Golf de Long Island, 52 venenos foram analisados, sendo constatado que os mesmos alteram o sistema endócrino e os hormônios. Na Flórida, na região dos Everglades foi constatada uma queda de 90% da população de pássaros aquáticos.
Visando a redução no uso de produtos químicos, o Dr. Michael Braungart, químico alemão e Dr. Willian McDonough, (citados por Colborn et al, 1996, p. 238 à 259), analisaram 7.500 agentes químicos usados para tingir ou processar tecidos. Apenas 34 produtos foram considerados seguros.
Segundo Colborn et al (1997, p. 260 à 268), desde 1963, estudantes dos Estados Unidos, apresentam uma crescente queda nos resultados dos exames de 2º grau para ingressar na universidade. Considerando uma sociedade inteira, a hipótese de que estes agentes químicos sintéticos estejam minando a inteligência de toda a população, da mesma forma como estão minando a produção de espermatozoides. Atualmente, o QI médio é de 100 pontos. Uma população de cem milhões de habitantes tem 2,3 milhões intelectualmente privilegiados, cujo QI está acima de 130. Embora não pareça muito, se o QI caísse apenas cinco pontos, para 95, as implicações seriam vertiginosas, diz Bernard Weiss, um toxicologista comportamental da Universidade de Rochester, que estudou o impacto social de perdas aparentemente pequenas. Ao invés de 2,3 milhões, apenas 990 mil pessoas teriam um QI acima de 130, de forma que a sociedade perderia mais da metade de suas mentes privilegiadas, com capacidade para se tornarem médicos, cientistas, professores universitários, inventores ou escritores. Ao mesmo tempo, essa guinada em direção ao fundo do poço, resultaria em um número de novatos limitados, com QI em torno de 70. Estes aprendizes mais lentos exigiriam educação especial, o que representa um peso financeiro. Poderiam também não ser capazes de preencherem muitas das vagas mais especializadas, em uma sociedade tecnológica.
Segundo Colborn, dominados pelo desconhecimento, temos corrido riscos enormes e, sem saber, temos brincado com a nossa própria sobrevivência. Nosso dilema é como de um avião no meio da neblina, sem mapas ou instrumentos. Estamos num voo cego. (COLBORN et al, 1997, p. 269 à 279).

OBS: Mais informações sobre poluição química
 no site http://www.nossofuturoroubado.com.br


Fonte: www.sjp.pr.gov.br/wp.../04/Resumo-do-livro-O-Futuro-Roubado.odt

os números do terror

     Em 2014, a indústria da alimentação deve faturar alguns trilhões. Isso mesmo: TRILHÕES. O aumento do consumo de refrigerantes, salgadinhos, biscoitos e bolinhos contribuem para o aumento do faturamento. Os números são assustadores, principalmente quando comparado com a diminuição do consumo do arroz e do feijão. 
      Outro fato que chama a atenção na reportagem "Alimentação: a tecnologia mórbida" diz respeito aos efeitos colaterais que os inúmeros aditivos (responsáveis pela cor, sabor, brilho, etc.), encontrados nos alimentos industrializados, podem causar em nosso corpo.


Leia o texto completo abaixo: 






Alimentação: a tecnologia mórbida
Najar Tubino

Porto Alegre - A indústria da alimentação deverá faturar em 2014 US$5,9 trilhões, segundo estimativa da agência britânica dedicada à pesquisa sobre consumo e marcas – The Future Laboratory. O mercado global de snacks (bolinhos, biscoitos, salgadinhos) deverá movimentar US$334 bilhões. As vendas de chocolates e confeitos vão faturar US$170 bilhões. O Brasil consumiu em 2012, 11,3 bilhões de litros de coca-cola, empresa que faturou US$48,02 bilhões, e lucrou US$ 9bilhões. Na pesquisa do IBGE comparando 2002-2003 com 2008-2009, o consumo anual de arroz das famílias caiu 40,5% - de 24,5kg para 14,6kg- e o de feijão caiu 26,4% - de 12,4 para 9,1kg. Os refrigerantes do tipo cola cresceram 39,3% de 9,l litros para 12,7 litros.

No Brasil, 48,5% da população está acima do peso, são 94 milhões de pessoas. Entre as crianças de 5 a 9 anos o aumento da obesidade multiplicou por quatro nos meninos (de 4,1% para 16,6%) e por cinco entra as meninas – de 2,4% para 11,8%. Uma em cada 10 crianças abaixo dos seis anos já apresenta sobrepeso. Nos Estados Unidos 35,7% da população, ou seja, mais de 135 milhões de pessoas são obesas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) – 17% são jovens. No mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde o número já atinge 1,5 bilhão de pessoas. Na China, o índice de obesidade duplicou nos últimos 15 anos, na Índia subiu 20%. No Brasil, segundo um estudo da Universidade de Brasília, o SUS paga R$488 milhões por ano para tratar doenças ligadas ao aumento do peso.
Moderno doentio

As causas citadas para explicar esta tragédia humana estão associadas à mudança tecnológica, ao estilo de vida das metrópoles, aos hábitos sedentários, a questão prática da vida atual, não deixa tempo para cozinhar, comer em casa, entre outras tantas. É óbvio que a alimentação está no centro desse problema, que há muito tempo deixou de ter uma abordagem cultural, e precisa ser encarado como uma mudança social, política e econômica. Henry Kissinger, figura famosa na política mundial, dizia que quem domina a comida domina as pessoas. Não incluíram no pacote as doenças crônicas resultantes do tipo de comida difundida pelo mundo como algo “moderno”, como o hambúrguer e o refrigerante cola – diabetes em adultos, cardiovasculares, câncer e hipertensão, apenas para citar as campeãs nas estatísticas. A OMS informa que 2,8 milhões de pessoas morrem em consequências de doenças associadas ao sobrepeso. E outras 2,2 milhões morrem por intoxicações alimentares, resultante de contaminações de vírus, bactérias, micro-organismos patogênicos e resíduos químicos.

Neste capítulo específico a história é longa. Um dossiê da Autoridade de Segurança Alimentar e Econômica, de Portugal, usando os dados da União Europeia, contabiliza 100 mil compostos químicos usados correntemente no mundo. Na União Europeia eles registram 30 mil, produzidos a uma média de uma tonelada por ano, sendo que a metade tem potenciais efeitos adversos à saúde.

“- Poucos foram estudados em profundidade suficiente de modo a permitir as estimativas de riscos potenciais de exposição, sobretudo aos seus efeitos de longo prazo, quanto à toxicidade ao nível da reprodução ou do sistema imunológico ou ação carcinogênica”.

A contaminação pode ocorrer no solo, durante o plantio, no tratamento da planta, depois na colheita e armazenagem, também dos processos industriais, da queima de substâncias que se transformam e pela incorporação de contaminantes e aditivos em alimentos:

“- A prevalência de doenças ou a morte prematura causada por químicos presentes nos alimentos é difícil de demonstrar, devido ao período de tempo, geralmente longo, que decorre entre a exposição a estes agentes e o aparecimento dos efeitos”, registra o documento .

Mentira consistente
O problema é que a comida moderna, saborosa, suculenta, cheirosa vendida pela publicidade no mundo inteiro é uma mentira. Todos os aspectos citados, incluindo ainda a cor, o tempo de vida na prateleira, a viscosidade, o brilho, o sabor adocicado, ou então o salgadinho bem sequinho, todos são resultado da aplicação de uma lista quase interminável de aditivos químicos. Inclusive registrada internacionalmente por códigos numerados e divulgada pelo Codex Alimentarius, da ONU. Por exemplo, o conservante nitrito de sódio é o E-250 e o adoçante artificial acessulfamo-K é o E-950.

Antes de avançar no assunto, um alerta da ONU sobre o uso de componentes químicos na vida moderna:

“- O sistema endócrino regula a liberação de certos hormônios que são essenciais para as funções como crescimento, metabolismo e desenvolvimento. Os CDAs, desreguladores endócrinos, podem alterar essas funções aumentando o risco de efeitos advesos à saúde. Os CDAs podem entrar no meio ambiente através de descargas industriais e urbanas, escoamento agrícola e da queima e liberação de resíduos.Alguns CDAs ocorrem naturalmente, enquanto as variedades sintéticas podem ser encontradas em agrotóxicos, produtos eletrônicos, produtos de higiene pessoal e cosméticos. Eles também podem ser encontrados como aditivos ou contaminantes em alimentos”.

O alerta das Nações Unidas é no sentido de realizar “urgentemente” novas pesquisas para avaliar o impacto dos também chamados disruptores endócrinos. Ocorre que alguns químicos sintéticos espalhados mundialmente têm uma estrutura molecular parecida com os hormônios naturais, como o estrógeno e a testosterona. Os hormônios funcionam como mensageiros da herança genética, e os químicos interferem nesse processo, alterando o conteúdo da mensagem. Em 1996, um grupo de pesquisadores norte-americanos – Theo Colborn, Diane Dumanoski e John Peterson Myers – lançaram o livro “O Futuro Roubado”, tratando dessa temática, com um apêndice na edição brasileira de José Lutzenberger. No Brasil o livro foi lançado em 2002. Urgência 17 anos depois.

Prático e barato
O problema é que a indústria se interessa por custo/benefício. Os aditivos dão consistência aos alimentos, não deixam a mostarda e a maionese virar uma gororoba, a carne e os produtos curados, como salsichas, mortadela, salames, perderam a cor vermelho-rosada. Os sorvetes não ficam com espuma, as sopas e caldos tem um cheiro maravilhoso. Fiquei enjoado de tanto ler sobre aditivos químicos nos últimos tempos. O mais impressionante, dos mais de 40 trabalhos que repassei, é a declaração da supervisora de marketing, da Química Anastácio (SP), para a revista Química e Derivados:

“- O nitrito de sódio é o principal aditivo usado em produtos cárneos, é o agente conservante de todos os produtos curados, promove a coloração vermelho-rosada nas curas e nos crus e o róseo avermelhado nos cozidos, além do sabor característico. Realmente esses produtos são considerados carcinogênicos, porém os grandes frigoríficos os utilizam pelo fato de não ter substituto no mercado. Mas devem ser usados com responsabilidade, respeitando os limites máximos de 0,015g por 100g e 0,03g por 100g, nos casos do nitrito e nitrato de sódio”, disse Alessandra Fernandes Guera.

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE) tem trabalhos que mostram a capacidade dos nitritos e nitratos de sódio de reagir com certas substâncias presentes nos alimentos, que são as aminas, e se transformam em nitrosaminas, potencialmente cancerígenas.

Danos cerebrais
Uma pesquisa de Sandrine Estella Peeters, da COPPE-UFRJ aborda o tema de como os aditivos químicos afetam a saúde. Hiperatividade em crianças, citado como consequência de corantes em alimentos, além de dor de cabeça crônica. Urticária, erupção da pele, câncer em animais, além de riscos de longo prazo de causar danos cerebrais. Este é o caso do glutamato de sódio, muito conhecido nos temperos, mas é utilizado em mais de cinco mil produtos.

Considerado como um agente capaz de produzir efeito neurotóxico. Em outra pesquisa, da Universidade Cândido Mendes, Roseane Menezes Debatin, tese de mestrado, comenta o seguinte sobre o glutamato de sódio:

“– É um sal composto de uma molécula de ácido glutâmico ligada ao sódio. Tem um sabor adocicado, é um grande estimulante do paladar, suprimindo os gostos desagradáveis, levando a uma maior consumo de produtos industrializados. Usado em caldos, biscoitos, snacks, miojos, batata frita. O ácido glutâmico está envolvido na ativação de uma série de sistemas cerebrais, concernentes à percepção sensorial, memória, habilidade motora e orientação no tempo e espaço. Existem vários trabalhos científicos comprovando a neurotoxicidade do glutamato, principalmente na região do hipotálamo e no sistema ventricular”.

Nos Estados Unidos, o glutamato foi retirado dos alimentos infantis em 1969. A Ajinomoto maior indústria do ramo- 107 fábricas em 23 países - que comercializa o produto informa que o consumo no mundo cresce 5% anualmente.

Lista interminável
Os antioxidantes, usados na conservação, interferem no metabolismo, produzem aumento de cálculos renais, ação tóxica sobre o fígado e reações alérgicas, conforme a pesquisa da COPPE. Os conservantes, como o ácido benzoico, um dos mais usados, produzem irritação da mucosa digestiva, outros produzem irritações nas células que revestem a bexiga, podendo atuar na formação de tumores vesicais. As gorduras hidrogenadas provocam o risco de doenças cardiovasculares e obesidades. E os adoçantes artificiais, substitutos do açúcar, estão relacionados com a diabete, obesidade e o aumento de triglicerídeos (gordura na corrente sanguínea). Sobre os adoçantes, o professor e doutor em ciência de alimentos da Unicamp, Edson Creddio, comenta o seguinte:

“- Os adoçantes são medicamentos que devem ser usados por pessoas com diabetes e hipoglicemia e não por todas as pessoas, inclusive crianças, como se fossem totalmente isentos de risco. Esta substância é vista pelo público leigo como panaceia passada pela mídia com a imagem que levará o usuário a ter um corpo perfeito”.

Os adoçantes artificiais mais usados são a sacarina, que é 500 vezes mais potente que o açúcar, o aspartame, como diz o professor, que é 150 a 200 vezes mais doce, além do ciclamato e o acessulfamo-k, também muito mais doce que o açúcar. Estão presentes nos refrigerantes, bebidas isotônicas, sucos preparados, e demais industrializados.

Sódio em demasia
Fiz uma relação com 14 grupos de aditivos mais usados nos alimentos consumidos atualmente. Os conservantes aumentam o prazo de validade, os estabilizantes mantêm as emulsões homogêneas vamos dizer, os corantes acentuam e intensificam a cor natural para melhorar a aparência e fazer o consumidor acreditar que está levando algo novíssimo. Os antioxidantes evitam a decomposição, os espessantes dão consistência ao alimento e os emulsificantes aumentam a viscosidade do produto. Os agentes quelantes protegem os alimentos de muitas reações enzimáticas e os flavorizantes tem o papel de realçar o odor e o sabor dos alimentos. Já os edulcorantes são usados em substituição ao açúcar e os acidulantes utilizados para acentuar o sabor azedinho do alimento. Os humectantes mantêm a umidade e a maciez, os clarificantes retiram a turbidez, os agentes de brilho mantém a aparência brilhante e os polifosfatos são usados para reter a água, no caso dos congelados, como o frango e nos produtos curados.

No Brasil, a ANVISA desde 2011 negocia com a indústria de alimentos para diminuir a quantidade de sódio dos alimentos industrializados. Não há nem meta nem prazo para chegar a um nível aceitável. Numa pesquisa realizada em 2011, com 496 produtos das regiões nordeste, sudeste e sul foram encontradas entre produtos de diferentes empresas quantidades 10 vezes maiores nos queijos tipo minas frescal, parmesão e ricota. No entanto, as menores diferenças na quantidade usada de sódio entre os mesmos produtos de diferentes empresas chegaram a 40% no caso das mortadelas, macarrão instantâneo e bebidas lácteas. O teor de sódio mais elevado foi registrado no queijo parmesão inteiro e ralado, macarrão instantâneo, mortadela, maionese e biscoito de polvilho.


Informa a ANVISA: o sódio é um constituinte do sal, equivalente a 40% da sua composição, sendo um nutriente de preocupação para a saúde pública, que está diretamente relacionado ao desenvolvimento de doenças como hipertensão, cardiovasculares e renais. Na tabela de informação nutricional dos alimentos, que deve estar no rótulo, consta a quantidade de sódio. Para ser isento não pode ter mais de 5mg por 100g de alimento. Se tiver 40mg na mesma proporção é muito baixo e 120mg é considerado baixo. Na pesquisa da ANVISA o teor médio de sódio do macarrão instantâneo foi de 1.798mg por 100g, da mortadela foi de 1.303mg por 100g e o da maionese 1.096mg por 100g.